" A FRAQUEZA EXPOSTA AO MUNDO "

     A sociedade moderna está vivenciando a medida certa da sua fraqueza. Nesse momento não existe nenhum "Plano Marshall" para salvar novamente a Europa, nem algum órgão internacional disposto a defender uma certa inspiração humanitária. Estamos diante do desmouramento das estruturas ideológicas e de todas as forças de cobiça por poder.
     O FMI, o Banco Mundial e os bancos comerciais não colocarão em risco o dinheiro de seus mantenedores. Mesmo para os blocos industrializados, que tiveram de enfrentar a perda de arrecadação em função da inércia da atividade econômica e os efeitos imediatos do desemprego e do consumo.
     Esse impacto pegou em cheio todas as contas públicas deficitárias do planeta, e convém salientar que são quase todas. Qualquer empréstimo bancário será de alto risco para devedores duvidosos, e como os caixas dos governos estão secos, só nos resta uma tomada de posição cautelosa no manejo da renda e do consumo, para que haja a pressão necessária nos níveis de preços das commodities, com principal importância para o preço do petróleo como gatilho na recondução do reaquecimento da economia mundial.

" OS DESLOCAMENTOS DAS CURVAS DA VIDA!!!!"

     As previsões ainda ficarão por algum tempo no mar das incertezas. É possível também ocorrer o nascimento de uma nova mentalidade, baseada sobretudo pelo ataque atual extraído de um filme de ficção. Não basta o debate rebuscado pelo noticiário que bloqueia nossas vidas. Entendo haver uma forma desobstrutiva para entendermos esse problema. O sistema que movimenta a economia das pessoas ou das famílias; das empresas  e dos governos, tem como fonte exclusiva de energia o núcleo onde se concentram todos os sentimentos humanos. Sejam férteis ou desérticos, aventureiros ou ditosos.
     Portanto, as curvas do comportamento econômico da sociedade, apenas sofrerão alterações nos valores calculados de suas equações. Como exemplo, a variação da renda mudou significativamente a curva do efeito substituição e de todos os fatores da elasticidade do preço e da procura. O coeficiente que mede a relação da variação da procura, a  variação do preço deverá se manter decrescente até que o comportamento do consumidor volte à normalidade.
     Não me lembro de um momento em que a teoria fosse tão ilustrada.
     Quanto ao dinheiro, ele não foi queimado por essa fogueira, toda a massa de moeda mundial está realocada com segurança em operações de curto prazo, sustentando seus preços até que um novo "start" seja dado, e a vida seguirá em frente.

" SEGUINDO AOS TRANCOS E BARRANCOS "

     Neste século mal começado, só enfrentamos as crises e sem tempo suficiente entre uma e outra, para que o mundo e sua economia pudesse respirar. Diante dessa situação, a pergunta que se faz é quando poderemos ter um desfecho dessas ameaças molduradas por síndromes do medo???
     Essas ameaças, é bom que se diga, percorrem o mundo desde longa data, e sobretudo, se levarmos em conta que elas encontram sempre um campo propício para se fortalecerem. O protecionismo tem marcado os conflitos comerciais e tanto os governos como as famílias arrastam suas dívidas com tomadas de novos créditos de longo prazo, o resultado é elementar : se não existisse a poupança não existiria o investimento.
     O mundo  empobrece e os ricos não ficarão isentos!!! É uma questão de tempo.
     A questão é se não teremos novos medos acrescentados ao nosso mar das incertezas, após o advento perigoso deste momento. Como positivo, só nos resta a esperança de que finalmente as Organizações Internacionais assumam o leme e um rumo impositivo, destinado à segurança econômica e social e que daqui para a frente os fóruns não sejam mais identificados como " Encontros de Coquetéis". 

O DESENVOLVIMENTO SUBTERRÂNEO

     Se existe um indicador capaz de retratar a realidade do desenvolvimento do Brasil é o serviço de saneamento básico das famílias. Na qualidade de saúde sanitária das residências está a base do conforto elementar para o desenvolvimento social,e sem essa condição, entendo que o núcleo familiar perde todas as condições de qualificação, dentro das oportunidades para uma vida melhor.
     A lei do saneamento básico nº 11445 de 2007 é um marco da regulamentação do dever do Estado. Sobretudo quanto a prestação de serviços e o controle dos investimentos do setor é necessário que se diga que até o início deste século, as residências brasileiras dependiam de 2 agências reguladoras para 200 empresas prestadoras desse serviço.
     Segundo dados da FGV (Fundação Getúlio Vargas) em 2015 o número dessas empresas saneadoras somavam 1500, sendo que ,1438 pertenciam ao setor público, e as agências reguladoras aumentaram de 2 para 50. Contudo, ainda nesses dados, em 15 anos o crescimento do atendimento em domicílios permanentes de água e esgoto sanitário teve uma variação de apenas 13 pontos percentuais, (45/58%).
     Ainda em 2007, o PLANSAB estimava um investimento de 400 bilhões de reais em 26 anos, mas que no entanto, pelo ritmo dos recursos aplicados seriam necessários 40 anos. O PAC I disponibilizou 35 bilhões de reais pelo programa Cidade Melhor e Água e luz para todos entre 2007/2009 e o PAC II no mesmo programa destinou 57 bilhões de reais.
     O atual governo brasileiro anunciou para os próximos 10 anos um investimento de 600 bilhões de reais no saneamento básico nacional. A experiência do passado não habilita o governo à credibilidade desse objetivo. Por maior que seja o tamanho político de se ultrapassar esse gargalo histórico do desenvolvimento, o Brasil e a opinião pública devem se levantar para não mais serem acenados com metas demagogas e ver mais uma vez, o dinheiro correndo pelo esgoto da corrupção.
   
   
   

UM HORIZONTE INDEFINIDO

     Depois da passagem do período conturbador, será provável que surjam algumas ideias que tragam de volta o debate dos princípios de Malthus, economista inglês do século XVIII.
     Sempre que ocorrem as crises, sejam elas econômicas, sociais ou de eventos imprevisíveis catastróficos, o afloramento de novas ideias se chocam com o "Ensaio sobre a população" de Malthus. Dizia ele que o equilíbrio da economia depende de um acordo permanente de responsabilidade entre o Estado e a sociedade, e entendo dessa forma, que a catástrofe atual tem como raiz justamente o desacordo entre o que pensa o Estado e a sociedade imprudente.
     A partir de agora o desenvolvimento social terá pela frente a fronteira  de dois óbices opostos : ou seremos  repressivos na organização geral da população ou assumiremos compulsoriamente o comportamento preventivo do consumo e da produção.
     É necessário entendermos,ajuizadamente, que o crescimento indefinitivo do homem é imprevisível.
   
   

O PENSAMENTO NÃO SE CONFIGURA

   À " Cezar, " Marco Aurélio, nascido em abril do ano 121 da era cristã, é atribuída a frase : "Os homens não deixarão de fazer exatamente o que fazem, ainda que te arrebentes pregando o contrário ".
     Na minha elevada velhice não há mais espaço para a chatice de doutrinas políticas, próprias de sociedades chauvinistas. Sou livre do pensamento indutivo alheio. Quando nascemos, a natureza nos acolhe para vivermos tão somente, e porque então, tendo percorrido todas as eras da inteligência ainda vivemos em conflito com a nossa identidade???
     Churchill dizia: "  O homem que não muda nunca, não anda." É preferir imaginar que seria feliz de outra forma, do que pensar que nunca tive outra forma, a sociedade livre não se baseia em arcaicos pensamentos de como deveríamos ser, como o conhecimento da igualdade fosse próprio de alguma genialidade.
     Somos livres mas não anárquicos, amantes e irmãos da solidariedade, da coisa boa e da prevalência dos princípios da igualdade. Ficamos à pensar que a nossa democracia tem a presença da existência do poder de um arconte, e a perpétua desigualdade estabelecida pelo poder. Não está escrito assim, pois o sentimento da revolução pela liberdade não é refém, ele é livre e jamais se envolverá em  querelas.
     Não se insurgirá contra si mesmo !