UMA TRANSFERÊNCIA REAL DE POUPANÇA

     Não sei como será em 2050, mas até hoje século XXI, o pagador de impostos continua como a fonte inesgotável da riqueza de toda nação. O imposto pago significa uma transferência da poupança privada para financiar em tese, a atividade pública como produtor de meios econômicos e sociais, deixando que o setor privado se encarregue do enriquecimento da nação.
     A renúncia de 1 trilhão de dólares em impostos executada pelo governo dos Estados Unidos, é a meu ver, quase uma medida inédita na conjuntura mundial. Essa medida tecnicamente, terá um efeito em cadeia na geração de empregos, renda, poupança, consumo e novos investimentos. É um protocolo acadêmico que os governos no mundo inteiro deixam embaixo dos tapetes palacianos, preferindo fechar seus balanços emitindo títulos ou aumentando impostos.
     Sendo assim, me abstendo de qualquer crítica, não podemos deixar de louvar também tecnicamente, esse ato e fato contábil, acima de tudo, corajoso e concordem ou não, uma atitude patriota.

A AMBIGUIDADE DO PENSAMENTO EM DAVOS

     Davos é o fórum pela vida contemporânea. O  que devemos avaliar ali dentro, sobre nossas vidas e o nosso futuro, é o quanto somos vulneráveis à nossa ambição e à nossa hipocrisia !
     As disputas hegemônicas, tanto no campo econômico como no político, torna a grande presença internacional em Davos, mera figurante da comédia humana de hoje. Se levarmos em conta que o processo do desenvolvimento é uma função mutuamente dependente, em qualquer fórum de caráter econômico-social, as lideranças mundiais deveriam ser revestidas pelo interesse das diferentes e reais necessidades para o desenvolvimento mundial.
     O discurso do presidente Trump, cheio de ambivalência, a meu ver, esvazia a esperança por um acordo solidário entre as grandes potências econômicas e os países subdesenvolvidos. Os Estados Unidos nunca foram os únicos produtores de fatores para o desenvolvimento. Se fossem, como explicar que desde 1980 aumenta a desigualdade de renda na sociedade americana, basta frisar que 1% dos mais ricos detém a mesma riqueza que 88% dos americanos menos ricos.
     Na outra ponta do desenvolvimento mundial, está, por exemplo, o  Brasil. Sendo um dos maiores exportadores de commodities, encalha sua produção nos portos pela falta de calado exigido pela navegação dos navios produzidos pelos países desenvolvidos. Isso sem falar nas nações africanas  que isoladas são incapazes de impedirem a vertente de suas riquezas que alimentam as grandes economias que estão presentes em Davos.

ERASMO NÃO ESTARÁ EM DAVOS

     O lema deste ano na reunião de Davos : Criar um futuro partilhado num mundo fraturado.
     Segundo o pensamento de Erasmo de Roterdam, provavelmente ele diria a respeito daqueles que habitam o universo das commodities o seguinte: " Os negociantes, sobretudo, são os mais sórdidos e estúpidos atores da vida humana. São em geral, perjuros, mentirosos, ladrões, trapaceiros e impostores. No entanto, devido a sua riqueza são tidos em grande consideração ".
     Para os negociantes hoje em Davos, a sustentabilidade não será uma preocupação maior do que a rentabilidade constante. A necessidade do equilíbrio entre as demandas interdependentes da produção e do consumo, gerou um problema econômico mundial muito maior que os perigos ambientais, do ponto de vista dos produtores de fatores. Ocorre, que entre eles existe uma divisão de forças políticas, com certeza bem representadas em Davos. Ficando do lado de fora no meio da neve, o poder representado pelos consumidores de tudo que é produzido neste mundo, impedidos de si apresentarem e denunciarem que o seu papel, como fiel da balança, é que move o mundo dos negócios. 

NÓS, ESSA SOCIEDADE MAL ORGANIZADA

     Eu, apesar de velho, até hoje, não consegui entender o que é sociedade organizada.
     Se ela for por um conjunto de leis escrita por nós, será sempre injusta.
     Se for por atividade econômica, será exploratória.
     Se for comandada por uma única pessoa, será tirana.
     Se for comandada por muitas pessoas, será tumultuada.
     O conflito entre essas alternativas da vida humana é o seu próprio caminho, é como um processo de tentativas em hipóteses infinitas.
     Talvez, tudo tenha começado a 4 mil anos antes da era cristã, nas margens dos rios Tigre e Eufrates. Ali, na Mesopotâmia surgiria o nosso berço com os Babilônios e os Assírios. Ainda que hoje sendo os descendentes dos Fenícios, Sumérios, entre tantos da antiguidade, ficamos questionando a nossa evolução. Se não acrescentamos novos valores as antigas culturas, fizemos pior: esquecemo-las.
     As tentativas da era moderna não partiram de um patrimônio existente, foram propostas de ideais justos com ideias aristocráticas.

A DIFÍCIL DECISÃO DA MUDANÇA

     A inovação da tecnologia na agricultura e na indústria, sempre foi impulsionada por um único propósito: o maior ganho de capital, a partir do avanço da produtividade e da velocidade. Agora, o despropósito é a formação de uma commoditie de alta rentabilidade, a do lixo. Se não mudarmos, brevemente, essa será a 5a. revolução, a última criação humana cuja fecundação ocorre em cada ato de se consumir.
     Afinal, qual é a sonhada filosofia que deveria ter a atividade econômica destinada ao Homem no meio em que vive ? Atualmente, a produção de lixo per capita mundial coloca os Estados Unidos como líder do ranking com aproximadamente uma tonelada anual por habitante, seguido pela Alemanha, Reino Unido, Itália, França e Brasil. Esses países em conjunto são responsáveis pela produção em média de 600 quilos de lixo por habitante anual, correspondente a quase 2 quilos por dia.
     O que existe verdadeiramente no mundo, é uma evidente tendência consumista, patrocinada por um sistema produtivo sem o menor interesse em dar importância à qualidade de vida das pessoas e muito menos ao planeta.

A TECNOLOGIA QUE O HOMEM NÃO PRECISA

     Dizer que a revolução tecnológica, considerada pela China como a 4a. revolução, ser a grande arma no combate à pobreza, a poluição do meio ambiente e ao aquecimento global, não é verdade. No máximo, pode ser considerada como uma maneira diferente de agredir o meio ambiente e o clima.
     Se acontecer a previsão do aumento de 7 para 10 bilhões de pessoas até 2030, qual será a tecnologia salvadora para abastecer com 8 vezes mais a necessidade de alimentos para o mundo ? Acho importante nesse assunto, repetir que 2/3 dos grãos produzidos não são destinados aos humanos. Pela atual demanda de bens e serviços da sociedade urbana, fica difícil formar uma expectativa otimista, até quando sabemos que um dos integrantes da matriz energética mundial é a usina termo elétrica abastecida por carvão. Se não bastasse, no Brasil o desmatamento adquiriu um perigoso aditivo legal, com o corte de madeira tipo A, pelo manejo seletivo de corte. São apenas alguns exemplos da visão de antolhos, imediatista e conivente com os interesses puramente político.
     Insistir nesse tema é transparecer uma identidade de ambientalista, mas a minha convicção é a de uma economia justa, equilibrada. Que não se permita o esquecimento do primeiro fundamento acadêmico: As necessidades são infinitas e os recursos escassos.

O RESSURGIMENTO DO ABSOLUTISMO

     Passados 15 séculos, ainda não concluímos as transformações esperadas após a queda do Império Romano que pudessem marcar, pelo menos, o início da formação de um verdadeiro Estado Moderno. Se fizermos um paralelo no tempo, exercendo um papel de árbitro, concluiremos que as concepções do antigo absolutismo, fundada na união do poder do rei com a burguesia, e o pensamento moderno de democracia, fundada na união do poder político com o poder econômico, ambas, o interesse continua sendo comum: o dinheiro!
      A ideia da democracia evoluiu como forma de encontrar soluções para os problemas sociais e os  conflitos entre as diferenças classes da sociedade. Mas, se essa evolução pouco proporcionou em termos de resultados, podemos dizer que o questionamento não consegue abalar os fundamentos determinantes das desigualdades e das distâncias entre os níveis de riquezas. Ainda hoje, existem governantes que acreditam: "não há poder público  sem a vontade de Deus! portanto ele é legítimo e todo o depositário da autoridade", ( Jacques Bossuet, maior teórico do absolutismo ).
     Com uma visão mais atenciosa sobre o quadro político mundial que temos atualmente, poderemos encontrar uma identidade entre o Antigo Regime e o Novo Regime, suas forças representativas continuam sendo as mesmas: antes era a estrutura feudal-absolutista e agora são as dinastias do poder econômico-Estado. Se a nobreza foi substituída pelos atuais ricos privilégiados, os reis foram substituídos por poderosos líderes políticos. Por isso, a sensação é que vivemos ainda no absolutismo. 

COMPRAR AÇÕES EXIGE CAUTELA

     A compra de ações é um investimento que permite a participação legal do comprador no patrimônio físico da empresa. É também uma aplicação que pode ser feita por qualquer pessoa que se disponha a colocar sua poupança representada por títulos, nesse caso, ações que as empresas lançam na Bolsa de Valores. O entendimento mais seguro sobre compra de ações significa cautela, por isso  precisa de informações técnicas, mercadológicas e políticas. O curioso nesse mercado, é o minucioso estudo não ser suficiente para uma decisão. Ela, em verdade, deve preceder a uma outra decisão, que na maioria dos casos, ocorre pelo faro ou "feeling".
     Podemos listar um conjunto de indicadores que permitirão uma melhor visão sobre a empresa que se pretende escolher:
     1-Tendência do patrimônio líquido em relação a quantidade de ações calculada
     2-Função social
     3-Índice de falência e concordata do Setor
     4-Processos judiciais
     5-Análise de balanço (realizável duvidoso e perfil da exigibilidade do passivo )
     6-Frequência da movimentação na Bolsa
     7-Perfil da composição dos acionistas majoritários
     8-Perfil dos clientes público e privado
     9-Grau de nacionalidade da produção
    10-Sustentabilidade
     São informações disponíveis ao público, e podem na medida do aprofundamento de cada um, instrumentalizar uma possível tomada de decisão para um investimento em ações por longo-prazo.

OS PERIGOS QUE RONDAM NOSSO DINHEIRO

     Com o início do ano, os pequemos investidores tendem a se arriscarem no mundo do mercado financeiro, acompanhando em primeiro lugar a ansiedade por melhores ganhos, e, em seguida pelas previsões de indicadores e as novidades que alvoroçam, vez em quando, o mercado financeiro.
     A economia brasileira respira melhor com as informações oficiais de seus indicadores, animando os analistas e consultores que atuam nas ofertas de opções de investimentos financeiros. A retomada da produção traz a reboque, normalmente, uma cesta repleta de euforias que deslumbram os menos avisados. É nesse momento que as decisões precipitadas ocorrem. Os rendimentos com base nas taxas de juros perdem atratividades diante das valorizações do mercado de ações.
     O mercado estima para 2018 uma valorização no índice do mercado de ações brasileiro (IBOVESPA) entre 35 e 40%, variando de 70 a 100 mil pontos, independente inclusive, dos contornos previstos na situação política em curso. Entre todas as opções de aplicação, defendo a escolha por aquisições de ações, desde que seja para longo prazo e precedido de rigoroso exame da empresa. Não devemos nesses momentos, aceitar conselhos sem provas documentais, a propósito, está na moda o movimento inicial de um mercado de Bolsa de Moedas Digitais e Virtuais. A sofisticação e velocidade desse mercado impõe um acompanhamento no mesmo nível de sofisticação e velocidade. Ele não tem a forma física como um título ou uma ação de uma empresa que podemos guardar embaixo do colchão e deixar por conta do tempo que não falha.