domingo, 27 de maio de 2018

JÁ BEBEMOS ÁGUA DO MAR

     O mundo inteiro está construindo usinas de água dessalinizada, é um recurso que vem reduzindo o seu custo de exploração por metro cúbico abaixo de 0,5 de dólar. Muito mais do que a água salobra é a água de reúso, água pluvial e de aquíferos profundos. Buscamos e ela diminui e não diminuímos o consumo. Pior, é destruirmos o meio de suas nascentes. Desculpem-me, mas sei lidar com esse problema porque vivo no meio dele.
     Pior, bem mais pior, é sabermos que de 1970 para hoje mais que dobramos a população mundial que depende da água diariamente para continuar vivendo. Em alguns lugares são usados água importadas congeladas em icebergs, e assim mesmo, vivemos preocupados com valores bem menos importantes como dinheiro, petróleo, fontes de energia, poder político, poder bélico, poder econômico e ideológico.
     Poderá haver um dia não muito longe que a água seja proibida.
   
   

sábado, 26 de maio de 2018

A DECISÃO ERRADA DE CINQUENTA ANOS ATRÁS

     Quando em dezembro de 2014 em uma das primeiras postagens apresentava um quadro da estrutura do setor de transporte de 5 grandes economias comparadas com o transporte no Brasil, com base na publicação de dados de 1970 no Statistical year book da ONU, estava naquela oportunidade alertando, em verdade, o atraso e o caminho errado da estratégia do desenvolvimento adotada pelos governos brasileiros nessa área. Ao adotar para um país de espaços continentais uma economia de produção de commodities baseada unicamente no transporte rodoviário com a agravante da dependência externa de um combustível de elevado custo, no caso do pré sal, e diante de um mercado internacional de cartel caracterizado pela volatilidade.

            Estrutura do setor transporte-década de 70 (em%) -Fonte: ONU
       
          País             Rodoviário    Ferroviário    Hidroviário
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       Alemanha            18                  53                   29
       EUA                    25                  50                   25
       França                 28                  55                   17
       Japão                  20                   38                   42
       Rússia                  4                   83                    13
       Brasil                  83                    5                    12
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       Brasil                  75.9                 5,4                 12,
      Fonte: Fundação Dom Cabral 2018
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     A Fundação Dom Cabral publicou a divisão modal dos serviços utilizados pelas empresas embarcadoras brasileiras,  observamos a extraordinária concordância com os dados de 1970 do Brasil. Esse quadro  dispensa por si só qualquer comentário, todavia, a comparação com a estrutura da Russia, um país com a maior produção e refino de petróleo mundial e a manutenção após 50 anos da mesma estrutura brasileira no setor, justifica todas as crises até agora e futuras se o país continuar fechado para o mundo. 
     
     

   

domingo, 20 de maio de 2018

ABANDONAR O PETRÓLEO ? QUANDO E COMO ?

     Com a perda da importância relativa do petróleo como fonte de energia, devemos considerar o desastre no futuro com a troca para outras fontes de energias limpas. Os cartéis não estarão dispostos a perderem e abandonarem as suas gigantes reservas. É possível que ainda leve muito tempo para assistirmos a reforma da capacidade instalada da indústria mundial no uso desse combustível. Sabemos que até hoje apenas foi explorado 1/3 do potencial estimado no mundo e que existem atualmente navegando pelos mares mais de 3.500 petroleiros, carregando 2,4 bilhões de toneladas de óleo, uma avaliação mais contundente é que somente um super petroleiro transporta de uma só vez mais que toda a produção de um dia do Brasil.
     Dentro das questões, haverá o questionamento do fim a ser dado a toda sucata; as negligencias que ocorrerão nos campos produtores além dos complexos logísticos de estocagem e transporte e, principalmente, o impacto da transformação nos países que tem o petróleo como sustentação de suas economias alcançará o resto do mundo. Existe uma consciência mundial em repudiar o petróleo, porém sem dispensá-lo, como acontece nos países emergentes em tocar seus desenvolvimentos. Uma única empresa da Arábia Saudita dispõe de um estoque estimado em 300 bilhões de barris e o Irã ainda não retornou ao mercado com a sua plenitude. Se considerarmos que a empresa citada tem um valor patrimonial em torno de 11 trilhões de dólares, devemos convir que os negócios desse mercado estão muito longe de acabar.

sábado, 19 de maio de 2018

A GUERRA DOS MIL ANOS

      Mil anos é uma estimativa de consumo do estoque de petróleo em potencial a ser explorado, enquanto isso ainda em 1970 como professor, alertava para uma mudança no comércio internacional, provocada pelo aumento da oferta e das novas reservas fora do cartel. Naquela época, o mundo não tinha as vistas voltadas para os problemas advindos do aquecimento global e que seriam determinantes para começar o debate sobre a utilização do petróleo como fonte de energia, e nos livrarmos dos estoques em reservas de trilhões de barris a serem queimados.
     Estava enganado ao dizer então, que o comércio internacional sofreria a concorrência de novas reservas fora do cartel, porque os investimentos externos desse setor são totalmente comprometidos com os participantes do cartel da OPEP.  Só a partir de 2010 esse cartel é abalado com a capacidade instalada da produção do xisto americano tirado da trituração de pedra capaz de aumentar em 3 milhões de barris diário. A produção americana ultrapassou rapidamente os 8,6 milhões de barris, se aproximando da Russia e Arábia Saudita com produções em torno de 9,6 milhões de barris/dia.
     Quanto ao preço, em janeiro de  2016 estava cotado a 30 dólares e neste mês está sendo negociado a 80 dólares, Esse ganho de 170%  nesse mercado em apenas 30 meses, põe por terra a minha ideia de que o mercado poderia ser modificado já se tendo passado 50 anos.
     Sendo assim, ainda faltam 950 anos para que alguma coisa possa ser modificada no mercado de petróleo.

sexta-feira, 18 de maio de 2018

O PERIGO DE UMA AGRICULTURA IMORAL

     Assim como os tempos se tornaram outros, os ideais agrícolas das famílias rurais sucumbiram diante do fenômeno antropossófico,  que quer dizer a necessidade da mudança do conceito moral na agricultura. O nascimento do êxodo rural revelou uma realidade mundial e começa a viver o dilema de como substituir o jovem que não se conforma em viver mais no campo. Eles fogem das estepes russas, dos cantões suíços, das planícies americanas, das pradarias patagônicas, dos urais da China e dos sertões brasileiros.
     A vida moderna e o desenvolvimento tecnológico, escravizaram o ego humano e uma nova revolução industrial, depois de mais de 2 séculos, ressurge com novas ideias de produção de alimentos. São técnicas de congelamento, novas espécies botânicas de alimentos transgênicos e o apoio do setor químico com novos adubos, pesticidas, herbicidas, fungicidas, inseticidas, hormônios de crescimento, controladores de crescimento, conservantes, corantes, etc.
     Recuperar os processos da agricultura tradicional, seria uma ficção capaz de permitir que apenas uma pessoa alimentasse mais vinte usando os recursos mecânicos e naturais no plantio do alimento. Diante da parede intransponível dessa realidade, só nos resta que cada um fuja do seu destino com esse desenho, para uma vida futura pintada com sua coragem.
     

terça-feira, 15 de maio de 2018

UM GRITO DE LIBERDADE

     Uma nação na qual o seu povo não tem interesse, educação, tradição e justiça, jamais será soberana e principalmente soberanamente democrática. Enquanto houver poderes que trabalhem apenas para julgar méritos de posses públicas e de poder, como se esses dois bens pertencessem a alguém, e capazes também de emitir sentenças definitivas sobre tais bens que só pertencem ao povo, qual outro nome a ser dado senão o da tirania. Desse modo não haverá uma nação organizada e justa. A constituição magnânima é aquela cujo texto seja curto para que todos possam entende-la sem nenhuma insegurança. Ela deve listar quais são os bens inalienáveis do povo e quem irá servir a ela e não dela se servir.
     Se o povo não souber ou não poder usá-la, aquele que for o gestor eleito não poderá usufruir da sua posse, pois ela não lhe pertence. Se assim for, significa dizer que a pátria está aberta e órfã da proteção do seu dono natural : o povo.
     Portanto, ou o povo toma posse da nação ou será escravo eternamente dentro dela ! 

domingo, 13 de maio de 2018

SEM GARANTIA DE EMPREGO NÃO HÁ POUPANÇA

   

     Causa e efeito. É uma verdade natural que dispensa o entendimento científico, tem o lastro da vida por si só, e por ser assim que não é de hoje que alguns sinais começaram a afetar diretamente a vida das famílias.
     Como a economia só anda de lado, os sintomas dos seus agentes realçam a fragilidade nos fundamentos que servem a sociedade. Alguém duvida que a estabilidade do emprego é coisa do passado, que a velocidade da inovação tecnológica, assim como aconteceu na primeira revolução industrial, é o fantasma de quem está empregado? Ao se verificar que a taxa média do crescimento líquido da população mundial em torno de 1,5% nos últimos 20 anos é acompanhada por níveis reduzidos do PIB médio mundial, aumenta a pressão sobre o espaço para formação de poupança familiar.
     A capacidade de poupança familiar e o investimento privado voluntário estão frente a um obstáculo comum: a interrogação da causa e do efeito.
     A renda oriunda de salários não ajuda mais na formação da poupança. O exemplo brasileiro indica que apenas 23% dos rendimentos mensais de salário ultrapassam ligeiramente os 500 dólares. Como o consumo, o sentimento da mais valia do trabalho, com o tempo, perde o sentido. Não se consegue mais reatar o debate da teoria de Mark, se o trabalho não estiver permanentemente valorizado os rumos do processo econômico baterão de frente com as consequentes exigências sociais do trabalhador.
     Os sintomas hoje em dia, estão voltados para os investimentos que possam produzir efeitos pela inovação tecnológica, sobretudo aqueles com interesses de redução de custos e aumento de produtividade. Esses investimentos sempre foram liderados pelos países desenvolvidos que sustentam a hegemonia de patentes intransferíveis, apenas os Estados Unidos, Japão e Alemanha guardam juntos mais de 130 mil invenções úteis.
     Breve seremos 9 bilhões de habitantes. Disputando tudo, se o trabalhador de baixa qualificação de mão de obra não tiver o amparo do sistema econômico internacional, cada vez mais nos afastaremos da sonhada distribuição justa de renda 
   

sábado, 12 de maio de 2018

COMO SERIA O MUNDO SEM EMPREGO

     Podemos imaginar hoje sobre isso, o que jamais seria possível cinquenta anos atrás. Estamos na encruzilhada da história da civilização : ou salvemos o trabalho humano, ou viramos seres deserdados do livro dos Juízes, incapazes de herdar o valor que existe na vontade de cada um.
     As explicações sobre as condições da economia mundial, no meu modo de ver, tem que passar pela questão do emprego.  Os mercados, todos os mercados, funcionam por causa do trabalho e do emprego, essa visão basta para mim nessa incansável doutrinação do valor do trabalho humano. As teorias mais apuradas abordam as diferenças entre oferta e demanda por qualificação ou níveis das condições do sistema educacional na utilização das condições tecnológicas disponíveis. É difícil incluirmos no texto da economia moderna, em termos técnicos, algum diagnóstico com base nas teorias ortodoxas, elas cederam lugar para o pragmatismo da política moderna do emprego.
     A marcha para esse campo minado vem do período do início do século XX com a evolução da desigualdade da renda do salário, avançou pelo Estados Unidos e na Europa chamada de "Belle Époque". A França, por sinal, parece que tenta corrigir as diferentes injustiças salariais de seus trabalhadores já a bastante tempo. A parte mais intrincada, quando se questiona o emprego nesse quadro , é como considerar o futuro próximo para os países subdesenvolvidos e emergentes .   

sexta-feira, 11 de maio de 2018

"ESSA INTRATÁVEL BESTA SELVAGEM, O POLÍTICO"

     Poderíamos considerar uma expressão profética do início do século XX feito por Joseph Schumpeter, economista austríaco construtor de fundamentos da ciência econômica, pensador e professor.
     O mundo da política que comandava a economia mundial daquela época mais parecia um ensaio se compararmos com a conjuntura atual. O lucro normal do sistema produtivo da economia moderna não existe, não existe qualquer parâmetro para que se estabeleça a justiça do lucro. Não existe também a procura de uma política que atente para a concorrência perfeita, e os acordos ficaram dentro das retóricas de seus políticos signatários.
     Como o processo político é coisa de políticos, e como é a política a única forma de se organizar a sociedade, seja lá da mais pobre até a mais rica, ela jamais será inepta,porque uma substitui a outra, e os políticos se revezam nos abraços pegajosos entre tramas unilaterais empurrando todas as negociações embasadas nos mais criteriosos estudos e previsões para o ralo, onde moram os desalentados.

segunda-feira, 7 de maio de 2018

A INCERTEZA DE CADA DIA DO TRABALHADOR

     Se os governantes reconhecessem a necessidade de medidas de sustentação do emprego industrial, haveria um avanço no combate ao desemprego mundial. Estranho porém, são algumas opiniões como do World Economic Outlook (WEO) de que uma redução do emprego industrial não causa preocupação. Se é assim porque então até mesmo as economias avançadas estão em movimento com suas políticas acintosamente protecionistas.
     As explicações do FMI de que o setor de serviços e público podem capacitar o mercado de emprego atuando como receptadores do trabalhador que não consegue voltar ao trabalho industrial não convencem. A tendência do desemprego crônico teve início na década de 70 do século passado e o setor industrial foi o responsável com a introdução inevitável da tecnologia. Atualmente esse setor responde por menos de 10% da garantia de emprego na economia e estimá-se que nas economias em desenvolvimento esse percentual seja menor, e vale lembrar que na época citada o trabalhador da indústria ocupava nada menos que 1/4 da produção da economia.
     A expectativa de uma possível migração entre os setores produtivos da economia esbarrará por um longo período com a competição já especializada e com a necessária readaptação entre os diferentes níveis de qualificação. Até lá o trabalhador amargará a incerteza de todos os dias, se amanhã ainda estará empregado. 




sábado, 5 de maio de 2018

A MÃO DE OBRA BARATA É UM GRANDE NEGÓCIO

     A esperteza no mundo dos negócios e da economia vivem a farejar os melhores caminhos para fixarem a máquina da exploração. O mundo sempre foi assim, a civilização tem 2 caras : uma é aquela que vive questionando a própria existência e a outra é aquela que se mantém escondida atrás da máscara da hipocrisia.
     Os sistemas econômicos que acompanham a nossa história, mesmo tendo sido criados por nós, foram forjados com o espectro da impessoalidade, governado pelo desejo e escravo de si mesmo. Foi assim que surgiu o sentimento determinante das doutrinas, todas elas entretanto, encobertadas pela mesma máscara. Por acaso o mergulho profundo do capitalismo na vida chinesa e no leste asiático obedeceu alguma doutrina ou ideologia que não estivessem coordenadas com o desejo de enriquecimento ? Por acaso também teria o sentido de ir ao encontro dos princípios do trabalho marxista a produção industrial adotada nos países comunistas ?
     Tiremos a máscara, e a realidade mostrará a máquina da exploração oportunista da mão de obra barata e desesperada por ganhar com seu trabalho o mínimo para continuar a sua sobrevivência, é uma maneira de tarimbar com dúvidas  a importância da manufatura e ao mesmo tempo escraviza-la.
     A esperança que parece escorrer entre os dedos das mãos do trabalhador da África Subsaariana é a mesma do mundo inteiro.