sábado, 29 de dezembro de 2018

DESCARTES ESTÁ ANDANDO PELA CHAMPS-ELYSÉES

     Mais uma vez o inconformismo desperta, o iluminismo agora não é por novas ideias ou por novos elementos, é pelo direito de lutar pelo direito. O que está em jogo é a sobrevivência da inteligência do grupo social que não consegue avançar. Mais uma vez a burguesia viu a Razão se dispersar no tempo e se misturar com os movimentos ideológicos dos Estados Modernos.
     Do século XVII até hoje a Razão que habitava em pouco mais de 1 bilhão de pessoas, habita atualmente mais de 7 bilhões de mentes humanas mutantes, acompanhando a transformação da Natureza. Consideremos de acordo, que por dependermos do nosso grupo social, torná-se difícil a nossa sobrevivência, o que é absurdamente contraditório, mas é a áurea verdade.
     Afinal, se temos a sensação que a sociedade moderna vive por um fio, é porque talvez, faltá-nos alguns iluministas. É possível que estejam escondidos e encarnados nos coletes amarelos parisienses. O sonho é que se espalhem pelo mundo, despertando os fundamentos da burguesia em busca de mudanças a favor da prosperidade social, lutando por igualdade de opinião junto às velhas instituições, opondo-se às autoridades levianas e ao poder do Estado conveniente.
     Vida longa à Revolução da Razão !

quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

OS GOLIAS ECONÔMICOS CORREM PERIGO

     Alguns analistas estão considerando uma possível escalada na disputa comercial entre os Estados Unidos e a China, ao ponto de se prever um conflito militar. Como imaginarmos tamanho despropósito no mundo de hoje. Por acaso esses dois gigantes acreditam tanto no poderio econômico frente ao que existe consolidado pela globalização ? Os mercados das commodities sustentam todas as indústrias mundiais, e nas atuais condições oferecidas pelos acordos multilaterais, não vejo como tocar uma indústria sem o suporte das commodities,  mesmo que ela seja a mais poderosa.
     Simples assim !
     Que esses líderes saibam antes de qualquer aventura isolada, avaliarem o papel relativo perante à estrutura econômica instalada pela globalização, pois já assistimos a quebra em um de seus segmentos e o abalo foi geral.
     É importante que não se pague para ver.
   
   

terça-feira, 25 de dezembro de 2018

A POBREZA E O PENSAMENTO DO ESTADO

     A extrema pobreza de 800 milhões de pessoas indica uma catástrofe politicamente ignorada. A necessidade de se descobrir a natureza e as causas, mantém por conta disso, um debate que atravessa a contemporaneidade da ciência econômica quanto  a aplicação do pensamento liberal como base do processo econômico a ser conduzido pelos agentes de mercado ou pelo Estado.
     O intervencionismo é a própria presença do poder público e tende sempre para o absolutismo. Se compararmos o mundo de hoje com o início do século XX, a organização política regida pelo Estado permanece a mesma. A diferença, no meu modo de ver, é que as divisões ideológicas ficaram no passado nas leituras clássicas e o mundo passou a ter uma clara convergência política intervencionista do poder público no processo econômico e social.
     É uma configuração muito estranha a organização do mundo moderno da política, como não existe mais a luta ideológica, os regimes políticos fechados se tornaram mais liberais, enquanto as democracias ficaram reféns do intervencionismo no processo econômico. É a conjunção ideal do poder político com os agentes econômicos que permitiu, em última análise, que houvesse o crescimento da pobreza mundial.

quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

TODO PODER EMANA DO POVO ?

     Não acredito.
     Na Odisseia, Homero já dizia que " o senhor absoluto a todos, prescreve todas as leis ", ele se referia evidentemente, as hordas submissas. Os senhores nascem entre as gerações e formam famílias em grupos que representam a hegemonia burguesa, era assim mesmo que Aristóteles denominava o nascimento do poder, como gerações do mesmo leite genético, ou " homogalactiens ".
     Por mais que isso possa representar uma digressão, o mundo moderno define governo e povo como sendo a mesma coisa, se essa mera ilusão for verdade, quando estamos contra o governo, estamos então contra nós. Ser oposição é apenas uma mistura dogmática de poder e a ideia de como o sentimento contrário sempre estará dentro de nós, o povo. Somos ainda, segundo a escrita dos homens, a fonte de todo o poder, porém, longe e destituído da equidade política.
     Dizia-se na antiguidade que alguns deuses se submetiam ao rei. Isso é o nosso fim ! acreditando afinal que a humanidade está abaixo dos deuses, se não for assim, teremos que nos propor e organizarmos ainda que em pequenos burgos para se obter uma vida mais feliz. Não importará quem irá carregar o círio da liberdade na frente dos dominados ou por cima dos dominadores, porque a vida tem que seguir o seu rumo.

domingo, 16 de dezembro de 2018

O EXEMPLO BRASILEIRO DA INSEGURANÇA MUNDIAL

     Nesse momento para que servem os 370 bilhões de dólares guardados nos cofres das divisas cambiais do Brasil, o lucro obtido com a valorização do dólar frente ao real brasileiro tem sido compensado com o pagamento de juros internos da dívida pública. Todo o esfôrço das exportações dos países emergentes que dependem de suas commodities está atracado por uma âncora cambial que não permite a perda de receitas, mas impede também a solução fiscal do país.
     A causa está nos efeitos prolongados entre as recessões e tem como purulência a desastrosa desaceleração do ânimo dos agentes econômicos, eles perdem a força de reconstruir e dessa forma, e por isso, o mundo passou a andar de lado, o sistema econômico internacional tem receio do futuro e do efeito em cadeia. Daí, o sistema político entra em defensiva, arrastando para o mar das incertezas o vetor da renda gerada pela produção e pelo emprego.
   

sábado, 15 de dezembro de 2018

A ERA DOS DESAMPARADOS

     O mundo tem hoje uma população de desamparados próximo da metade do todo. É uma sociedade de penuriosos, desempregados, encarcerados, levas de refugiados e apátridas eternos. Se isso não for uma verdade que habita dentro de uma velha realidade, qual será a razão para acreditarmos e assim negarmos o atual estágio de desenvolvimento humano a que chegamos ?
     As razões são mais antigas do que o pensamento contemporâneo da humanidade, compreenderemos melhor se identificarmos qual é a argola em cadeia, o elo que liga todo o transcurso das eras da vida. Quem já avançou a idade ao ponto de acha-la longa, por certo já viveu tantas verdades e tantas mentiras que as épocas de paz e as tentativas de pazear o mundo se misturam com aquelas,e, serão tantas !
     Nunca estivemos tão inseguros.Nesse momento, acredito, deverá ser marcado por políticas de isolacionismo, um quadro perigoso de descrença e esgotamento da importância dos acordos internacionais, enquanto isso, as questões sociais, humanas e ambientais, como sempre, ficarão para depois.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

A POBREZA POR JOÃO XXIII , O BONDOSO

     Em 1961 ele publicou a Encíclica "Mater et Magistra", nela ele questionava os princípios da doutrina econômica e social quanto aos seus resultados práticos que continuam vigorando e obtiveram em verdade, um aumento das diferenças, sobre as quais podemos abordar os aspectos que, no meu entendimento, dominam os debates evasivos do desenvolvimento.
     Acredito que a presença do Estado quando deixa de formular um plano diretor de longo prazo para o desenvolvimento, seja o centro de todos os problemas. A situação é ainda mais grave quando avaliamos no mundo o orçamento da ONU destinado à combater a pobreza : é menor que 3 bilhões de dólares para uma renda mundial estimada ao redor de 100 trilhões de dólares.
     João XXIII se preocupava com o princípio econômico formado por um minarete, cujas pontas são o trabalho, o salário e a família, da grandeza dessa carta, vem para a superfície o verdadeiro perigo do subdesenvolvimento, isto é, a riqueza está presente no mundo rico, o que falta é levar isso às pessoas necessitadas, garantir a prosperidade do futuro das crianças e finalmente a ONU cumprir o verdadeiro objetivo da paz.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

A AMAZÔNIA E A NOSSA HIPOCRISIA

     Como podemos acreditar em uma indústria madeireira sustentável e extrativa de madeira certificada, quantas centenas de anos serão necessárias para a recuperação das matas virgens. São enormes investimentos em bens de capital introduzidos na selva, com alta tecnologia, para que a madeira seja transportada serrada e não mais em toras. É um negócio de altíssima rentabilidade, quando é vendido o metro cúbico de madeira tipo A, madeira que não tem dono, mais ela é nossa ! 
     Pertence ao povo brasileiro que cede ao mundo seus benefícios. Contudo ela é cortada de graça para chegar na Europa ou nos Estados Unidos a um preço de mercado acima de 15 mil dólares o metro cúbico.
    À quem interessa isso ?
     Dentro da Amazônia de seus 25 milhões de habitantes, 62% são urbanos, logo o restante depende dela para sobreviver; seja pelo extrativismo mantido por pequenas associações, ou então através dos mil e duzentos garimpos de ouro clandestinos ou dos empregos oferecidos pelas mineradoras estrangeiras.
     A Amazônia é isso !
     A comédia e a tragédia da antiga arte grega. Sorrimos e choramos por ela, e, em cada pedaço da sua madeira que está por todos os nossos lados, está a sua história. Vida ou morte.
     Depende de nós. 

domingo, 9 de dezembro de 2018

O CENTRO DO MUNDO É PARIS

     Brigar por que o custo de vida pressiona a capacidade da renda individual é sinalizar para a outra ponta que não dá mais para bancar esse mundo corporativo dos grandes negócios. A Rússia, a Arábia Saudita, os Estados Unidos e o Irã, dizem que não suportam o duro golpe do preço do barril de petróleo, alegam a preocupação com a desaceleração da economia mundial sobre a demanda do seu principal produto.
     Esquecem que o petróleo é o personagem herói apenas para eles, principalmente quando manipulam o cartel, a oferta despenca e a cotação dispara. A imagem de vilão não é a emissão do CO2 na atmosfera, o vilão é sorrateiro e anda nas sombras, vive às custas da especulação cambial, aproveitando os rendimentos diários por conta das oscilações dos mercados de capitais.
     É aí aonde começa o custo de vida, o lugar da fonte de capitais para os investimentos sociais. São os financiamentos bancários que o sistema produtivo da economia vai buscar, depende deles, são eles, afinal, que alimentam a máquina da produção, dominam o capital, dominam a geração de emprego e da renda pessoal e permitem que de vez em quando possamos vestir um colete amarelo e protestar no Arco do Triunfo deles.

sábado, 8 de dezembro de 2018

A BASTILHA AINDA NÃO FOI DERRUBADA

     Muito embora haja corrente que defende a administração pública dos programas sociais sem governo, existe e sempre existiu a ideologia antiga de que somente o Estado é capaz de prover os serviços essenciais e que ele pode fazer a distribuição de renda e acabar com as desigualdades.
     O mundo movimenta uma renda total em torno de 90 trilhões de dólares, contudo, ao que parece, é insuficiente para atender os verdadeiros anseios sociais, isso porque, ao se retirarem em impostos do contribuinte, somente nos países ricos, de 25 a 50% da renda pessoal, evidentemente, os governos não conseguem mais, nessas condições, superarem as insatisfações das classes trabalhadoras assalariadas.
     Os coletes amarelos estão espalhados pelo mundo. O fenômeno da globalização transferiu para a sociedade o ônus das dívidas públicas sem controle e a incapacidade do resgate dos títulos públicos com credores internacionais, a manutenção das despesas militares e a perda definitiva da mão de obra tradicional do sistema produtivo.
     Agregar valor pela maior produtividade e aumentar a oferta, não significa mais aumentar receita quando o consumo não funciona com desemprego e baixa remuneração. Por enquanto, essa insatisfação domina o campo ocidental, falta entrar nessa questão a Ásia.
       

sábado, 1 de dezembro de 2018

G-20, A GLOBALIZAÇÃO QUE PAGAMOS

     Quando vamos ao supermercado comprar um produto importado, por conta da abertura comercial globalizada, em verdade, estamos sustentando a economia mundial, transferindo renda, mas que deixa de remunerar a atividade fim para beneficiar substancialmente a atividade meio.
     O comércio globalizado está, a meu ver, empobrecendo a economia produtiva, porque o valor real de um bem pago pelo consumidor final não existe mais, aquilo que sempre nos referimos da economia clássica como o valor agregado do produto ao " sair do chão da fábrica ".
     As principais despesas diretas sobre um produto importado podem ser descritas em : financiamento bancário para o exportador e para o importador, quase sempre pelo mesmo banco na origem e no destino, seguro e resseguro , impostos nas duas pontas, taxas alfandegárias, cabotagem ou atracamento, manutenção sanitária de conservação do embarcado, frete internacional, frete de embarque e desembarque, comissões de distribuidores, serviços cambiais, comunicações, negociações de mercados atacadistas internacionais e domésticos.
     Quem sustenta isso ? Quem sustenta o lucro disso ?
     Somos nós ! Perdidos consumidores por esse mundo afora, achando que o nosso parco salário não é capaz de alimentar um sistema tão grande e poderoso, que ao contrário de distribuir essa nossa renda, concentra dentro dessa máquina chamada de globalização administrada por alguns.