terça-feira, 20 de outubro de 2015

O DIAGNÓSTICO DE UMA ESTRATÉGIA MEDROSA

     O Brasil perdeu a oportunidade de hoje estar livre das incertezas externas e das turbulências do câmbio e da pressão inflacionária. Nos 8 primeiros anos depois de 2000, o consumo das famílias esteve aquecido devido ao bom desempenho do PIB, foi também o que levou ao crescimento da arrecadação e dos gastos públicos. Nesse período a arrecadação federal subiu mais de 90 %, é importante frisar que 1/3 do valor do PIB é representado pela carga tributária injetada nos custos de fatores. Esse quadro de euforia não tinha a segurança da produção nacional, as reclamações sempre recaíram na falta de competividade com o setor externo. Convém lembrar que na época quando o câmbio se mantida estável abaixo de 2 reais era o momento crucial para a importação de bens de capital fixo pelas empresas nacionais, trazendo novas tecnologias e qualidade. O governo não tomou a frente nessa estratégia, e a partir de 2008 com a queda do consumo das famílias, fator alimentado pelo desemprego, a produção nacional para exportação que é basicamente   formada por manufaturados não teve capacidade de competir no mercado externo. Para se ter uma idéia, a produção nacional ocupa o lugar de número 75 em competividade no ranking mundial, o que, a meu ver, é uma contradição com a posição de sétima economia mundial. Os entraves domésticos são significativos nesse sentido, não se desenvolve a economia produtiva com a pressão de uma matriz de impostos opressora, com a infraestrutura de mobilidade atrasada e principalmente a dificuldade com a ineficiência e a burocracia estatal.
     Contudo, a diminuição da demanda externa abriu espaço para o consumo interno, o câmbio elevado forçou a seletividade na escala de preferência do consumidor, e o efeito substituição, afinal de contas, permitiu a melhora de alguns segmentos da produção nacional de bens e serviços. Com a dificuldade atual do custo do dinheiro e a ausência dos investimentos diretos do exterior a fase de recuperação só terá início no momento em que os empresários se tranquilizarem com o futuro de seus negócios.

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