domingo, 16 de dezembro de 2018

O EXEMPLO BRASILEIRO DA INSEGURANÇA MUNDIAL

     Nesse momento para que servem os 370 bilhões de dólares guardados nos cofres das divisas cambiais do Brasil, o lucro obtido com a valorização do dólar frente ao real brasileiro tem sido compensado com o pagamento de juros internos da dívida pública. Todo o esfôrço das exportações dos países emergentes que dependem de suas commodities está atracado por uma âncora cambial que não permite a perda de receitas, mas impede também a solução fiscal do país.
     A causa está nos efeitos prolongados entre as recessões e tem como purulência a desastrosa desaceleração do ânimo dos agentes econômicos, eles perdem a força de reconstruir e dessa forma, e por isso, o mundo passou a andar de lado, o sistema econômico internacional tem receio do futuro e do efeito em cadeia. Daí, o sistema político entra em defensiva, arrastando para o mar das incertezas o vetor da renda gerada pela produção e pelo emprego.
   

sábado, 15 de dezembro de 2018

A ERA DOS DESAMPARADOS

     O mundo tem hoje uma população de desamparados próximo da metade do todo. É uma sociedade de penuriosos, desempregados, encarcerados, levas de refugiados e apátridas eternos. Se isso não for uma verdade que habita dentro de uma velha realidade, qual será a razão para acreditarmos e assim negarmos o atual estágio de desenvolvimento humano a que chegamos ?
     As razões são mais antigas do que o pensamento contemporâneo da humanidade, compreenderemos melhor se identificarmos qual é a argola em cadeia, o elo que liga todo o transcurso das eras da vida. Quem já avançou a idade ao ponto de acha-la longa, por certo já viveu tantas verdades e tantas mentiras que as épocas de paz e as tentativas de pazear o mundo se misturam com aquelas,e, serão tantas !
     Nunca estivemos tão inseguros.Nesse momento, acredito, deverá ser marcado por políticas de isolacionismo, um quadro perigoso de descrença e esgotamento da importância dos acordos internacionais, enquanto isso, as questões sociais, humanas e ambientais, como sempre, ficarão para depois.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

A POBREZA POR JOÃO XXIII , O BONDOSO

     Em 1961 ele publicou a Encíclica "Mater et Magistra", nela ele questionava os princípios da doutrina econômica e social quanto aos seus resultados práticos que continuam vigorando e obtiveram em verdade, um aumento das diferenças, sobre as quais podemos abordar os aspectos que, no meu entendimento, dominam os debates evasivos do desenvolvimento.
     Acredito que a presença do Estado quando deixa de formular um plano diretor de longo prazo para o desenvolvimento, seja o centro de todos os problemas. A situação é ainda mais grave quando avaliamos no mundo o orçamento da ONU destinado à combater a pobreza : é menor que 3 bilhões de dólares para uma renda mundial estimada ao redor de 100 trilhões de dólares.
     João XXIII se preocupava com o princípio econômico formado por um minarete, cujas pontas são o trabalho, o salário e a família, da grandeza dessa carta, vem para a superfície o verdadeiro perigo do subdesenvolvimento, isto é, a riqueza está presente no mundo rico, o que falta é levar isso às pessoas necessitadas, garantir a prosperidade do futuro das crianças e finalmente a ONU cumprir o verdadeiro objetivo da paz.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

A AMAZÔNIA E A NOSSA HIPOCRISIA

     Como podemos acreditar em uma indústria madeireira sustentável e extrativa de madeira certificada, quantas centenas de anos serão necessárias para a recuperação das matas virgens. São enormes investimentos em bens de capital introduzidos na selva, com alta tecnologia, para que a madeira seja transportada serrada e não mais em toras. É um negócio de altíssima rentabilidade, quando é vendido o metro cúbico de madeira tipo A, madeira que não tem dono, mais ela é nossa ! 
     Pertence ao povo brasileiro que cede ao mundo seus benefícios. Contudo ela é cortada de graça para chegar na Europa ou nos Estados Unidos a um preço de mercado acima de 15 mil dólares o metro cúbico.
    À quem interessa isso ?
     Dentro da Amazônia de seus 25 milhões de habitantes, 62% são urbanos, logo o restante depende dela para sobreviver; seja pelo extrativismo mantido por pequenas associações, ou então através dos mil e duzentos garimpos de ouro clandestinos ou dos empregos oferecidos pelas mineradoras estrangeiras.
     A Amazônia é isso !
     A comédia e a tragédia da antiga arte grega. Sorrimos e choramos por ela, e, em cada pedaço da sua madeira que está por todos os nossos lados, está a sua história. Vida ou morte.
     Depende de nós. 

domingo, 9 de dezembro de 2018

O CENTRO DO MUNDO É PARIS

     Brigar por que o custo de vida pressiona a capacidade da renda individual é sinalizar para a outra ponta que não dá mais para bancar esse mundo corporativo dos grandes negócios. A Rússia, a Arábia Saudita, os Estados Unidos e o Irã, dizem que não suportam o duro golpe do preço do barril de petróleo, alegam a preocupação com a desaceleração da economia mundial sobre a demanda do seu principal produto.
     Esquecem que o petróleo é o personagem herói apenas para eles, principalmente quando manipulam o cartel, a oferta despenca e a cotação dispara. A imagem de vilão não é a emissão do CO2 na atmosfera, o vilão é sorrateiro e anda nas sombras, vive às custas da especulação cambial, aproveitando os rendimentos diários por conta das oscilações dos mercados de capitais.
     É aí aonde começa o custo de vida, o lugar da fonte de capitais para os investimentos sociais. São os financiamentos bancários que o sistema produtivo da economia vai buscar, depende deles, são eles, afinal, que alimentam a máquina da produção, dominam o capital, dominam a geração de emprego e da renda pessoal e permitem que de vez em quando possamos vestir um colete amarelo e protestar no Arco do Triunfo deles.

sábado, 8 de dezembro de 2018

A BASTILHA AINDA NÃO FOI DERRUBADA

     Muito embora haja corrente que defende a administração pública dos programas sociais sem governo, existe e sempre existiu a ideologia antiga de que somente o Estado é capaz de prover os serviços essenciais e que ele pode fazer a distribuição de renda e acabar com as desigualdades.
     O mundo movimenta uma renda total em torno de 90 trilhões de dólares, contudo, ao que parece, é insuficiente para atender os verdadeiros anseios sociais, isso porque, ao se retirarem em impostos do contribuinte, somente nos países ricos, de 25 a 50% da renda pessoal, evidentemente, os governos não conseguem mais, nessas condições, superarem as insatisfações das classes trabalhadoras assalariadas.
     Os coletes amarelos estão espalhados pelo mundo. O fenômeno da globalização transferiu para a sociedade o ônus das dívidas públicas sem controle e a incapacidade do resgate dos títulos públicos com credores internacionais, a manutenção das despesas militares e a perda definitiva da mão de obra tradicional do sistema produtivo.
     Agregar valor pela maior produtividade e aumentar a oferta, não significa mais aumentar receita quando o consumo não funciona com desemprego e baixa remuneração. Por enquanto, essa insatisfação domina o campo ocidental, falta entrar nessa questão a Ásia.
       

sábado, 1 de dezembro de 2018

G-20, A GLOBALIZAÇÃO QUE PAGAMOS

     Quando vamos ao supermercado comprar um produto importado, por conta da abertura comercial globalizada, em verdade, estamos sustentando a economia mundial, transferindo renda, mas que deixa de remunerar a atividade fim para beneficiar substancialmente a atividade meio.
     O comércio globalizado está, a meu ver, empobrecendo a economia produtiva, porque o valor real de um bem pago pelo consumidor final não existe mais, aquilo que sempre nos referimos da economia clássica como o valor agregado do produto ao " sair do chão da fábrica ".
     As principais despesas diretas sobre um produto importado podem ser descritas em : financiamento bancário para o exportador e para o importador, quase sempre pelo mesmo banco na origem e no destino, seguro e resseguro , impostos nas duas pontas, taxas alfandegárias, cabotagem ou atracamento, manutenção sanitária de conservação do embarcado, frete internacional, frete de embarque e desembarque, comissões de distribuidores, serviços cambiais, comunicações, negociações de mercados atacadistas internacionais e domésticos.
     Quem sustenta isso ? Quem sustenta o lucro disso ?
     Somos nós ! Perdidos consumidores por esse mundo afora, achando que o nosso parco salário não é capaz de alimentar um sistema tão grande e poderoso, que ao contrário de distribuir essa nossa renda, concentra dentro dessa máquina chamada de globalização administrada por alguns.