sábado, 1 de julho de 2017

OS CAMINHOS DE PEDRA DO DESENVOLVIMENTO

     A estratégia de exportação de matérias-primas e produtos agrícolas pelos países em desenvolvimento só beneficia aos países ricos. Isso é um pensamento sobre a questão mundial da sustentabilidade, ele ressalta que a transferência da responsabilidade da degradação do solo fica para os países subdesenvolvidos, e ao mesmo tempo colabora com a maior formação e acumulação de renda pelos mais ricos.
     É bem verdade que o fluxo de capital externo desde o início da década de 1950 tem se mantido em taxas médias superiores a 10%, beneficiando as economias dos países subdesenvolvidos. O problema da não absorvição desse dinheiro como fator de crescimento se deve ao fato de serem destinados ao setor público, e não poucas vezes são desperdiçados. Em alguns casos esse fluxo de ajuda externa chega a ser superior a soma das receitas das exportações e dos investimentos externos no setor privado, causando uma considerável pressão no passivo do balanço de pagamentos dos países subdesenvolvidos.
     São razões bastantes suficientes para tornarem o processo de desenvolvimento em um veículo de uma marcha só, algumas teorias como o Arranco não se prestam para uma estratégia que não seja austera e republicana. A necessidade do consumo de recursos, sejam eles naturais ou energéticos, deve obedecer a uma parcimônia que exige um nível equilibrado de desenvolvimento. Enquanto na Alemanha 80% da população desfruta de um consumo intenso, o mesmo comportamento não pode ser imitado por países, como o Brasil, que é levado por um consumo induzido, alimentado pelo efeito demonstração do atual sistema globalizado da economia.

domingo, 25 de junho de 2017

A INCERTEZA EUROPEIA

     A Europa não precisava criar a União Europeia para praticar a cooperação entre as nações, mesmo com o engajamento dos países do leste, seria mais um fortalecimento do continente após a segunda guerra mundial. A cooperação mútua só precisa da convergência de interesses, e quando os interesses divergem, deixa de existir toda e qualquer ligação cooperativista.
     Se o sistema de uma economia liberal passa constantemente por questionamento dentro de um determinado país, o mesmo de forma mais ampla deve ser visto de um pacto econômico entre nações. É preciso levar em conta que a globalização pulverizou as interligações comerciais e trouxe um estrangulamento para os acordos internacionais. Pensando dessa maneira o Brexit venceu, uma decisão tomada por conservadores, defensores de ideias protecionistas e nacionalistas mais em verdade, o que esta se consolidando é uma vontade liberal. Essa incerteza de rumo dos ingleses está sendo acompanhada com um interesse visivelmente estratégico pelos antigos parceiros. O que ainda não sabemos, são as verdadeiras causas ou cousas que estão alimentando um possível efeito dominó dentro da União Europeia. Muito embora o cerne da questão seja envolvido pelo manto político, acredito que a distância dos níveis de interesses entre os países ricos e pobres do velho continente continua aumentando em função das manutenções das mesmas taxas de crescimento para diferentes bases.
     Como as taxas de crescimento variam conforme suas bases de referências o crescimento mundial continuará fluindo em direção as economias desenvolvidas, no caso europeu, os resultados do crescimento escorrem para as economias líderes.

sexta-feira, 23 de junho de 2017

AS CARTAS SÃO DADAS PELO ESTADO

     O debate que atravessa toda a contemporaneidade da ciência econômica é se a teoria liberal clássica ou o neoliberalismo deve ser a base do processo econômico a ser conduzida pelos seus agentes  ou pelo Estado. O intervencionismo é a própria presença do poder público e tende sempre para o absolutismo. Se compararmos o mundo de hoje com o início do século XX a organização política regida pelo Estado permanece a mesma, as divisões ideológicas ficaram para traz e o mundo passou a ter uma clara convergência política de intervencionismo do poder público no processo econômico.
     A configuração é estranha dessa perpétua organização do mundo moderno da política: como a divisão ideológica não existe mais, os regimes políticos fechados se tornaram mais liberais enquanto as democracias ficaram reféns do intervencionismo na economia. O que penso sobre os fundamentos de uma Economia livre e do poder de administrá-la é que são transitórios no tempo, o que não muda é a presença nas leis de mercado uma lei maior imposta pelo Estado.

sábado, 17 de junho de 2017

A DEMOCRACIA ESTÁ DOENTE E A POBREZA EM COMA

     A necessidade de se descobrir a natureza e as causas que mantém instalada a pobreza nos países subdesenvolvidos é menos importante do que a necessidade de uma medida pragmática internacional na formação de um fundo composto por recursos provenientes de taxas de tributação  do comércio do petróleo, das commodities e da indústria manufatureira, inclusive a armamentista. Se esse tributo na ponta gerar aumento de custo e possível alteração inflacionária, é como penso sobre a responsabilidade do resto do mundo rico em resolver o problema.
     A extrema pobreza de 800 milhões de pessoas indica uma catástrofe humana politicamente ignorada, porque não revela qual é a dimensão entre a extrema pobreza e a pobreza. Entendo também que entre a pobreza e a vida digna para uma família ainda haja um caminho intransponível a ser percorrido.
     O comércio internacional de uma forma geral transporta uma produção econômica a uma taxa de crescimento anual em torno de 2%, enquanto a extrema pobreza neste século teve apenas uma redução de 3 pontos percentuais. Vejo isso como uma forte indicação de que a economia mundial trabalha, como nunca trabalhou, para uma concentração de renda formadora de uma grande espaço dentro da sociedade no mundo.
     O vetor da função social do processo econômico é dirigido também para o ganho de capital, um exemplo, é a capacidade instalada da mão de obra no Brasil: mais de 90% dos trabalhadores são remunerados com algo em torno de 500 dólares mensais, como podemos afirmar e com base em quê, que um país com um dos fatores de produção com a menor remuneração no agregado  final, possa ser classificado como emergente. Se tomarmos esse exemplo para explicarmos o processo de desenvolvimento mundial, e para tanto atribuirmos que a economia da era tecnológica é uma vantagem dada pela teoria do arranco do Professor Rostow, estamos, em verdade, explicando um crescimento não equilibrado, ela só remunera os proprietários dos fatores.
     Enquanto a atividade econômica não transferir para a sociedade de forma justa a parcela capaz de representar voluntariamente o desenvolvimento social, não andaremos para a frente em busca da paza e do desenvolvimento humano.

terça-feira, 13 de junho de 2017

OS HERÓIS CONTRA A FOME

     A primeira hora da manhã vejo um vizinho a uma distância de 150 braças ( 300 metros ) debruçado sobre a terra lavrada, no alto de um morro, é uma imagem sagrada do homem que quase beija a terra como se fosse um agradecimento pelo seu sustento. Longe dali, em plena cidade de Hong Kong no bairro de Ma Shi Po existe uma jovem chamada Kai Kai que gerencia uma bonita horta urbana, essas duas pessoas são parceiros por um ideal abandonado pela civilização moderna.
     Por viver em uma região rural, assisto o êxodo rural, e em substituição, a fuga dos jovens para as cidades, abandonando até mesmo suas famílias e com elas o fracasso da continuidade da produção familiar fica a imagem das terras abandonadas por conta dos programas assistencialistas do governo. Devemos entender que o processo da industrialização do alimento fornecido pela mecanização maciça do campo desestimulou as famílias rurais, gerações e mais gerações formadores da técnica da biodinâmica que atualmente é tida como novidade.
     Vejo em Kai Kai e no meu vizinho meus cavaleiros da esperança por um alimento humano de energia vital e sustentável.

domingo, 11 de junho de 2017

O PERIGO DA ESMOLA GRANDE

     Quem comanda os recursos comanda o processo econômico.
     Um exemplo marcante foi recentemente noticiado: milhares de toneladas de metros cúbicos da indústria madeireira são embarcadas nos portos americano com destino a indústria moveleira no Vietnam e volta para o mercado de móveis dos Estados Unidos. Nesse caso, o capital, a matéria prima e a mão de obra são os recursos usados. O que podemos observar é uma exploração oportunista da mão de obra barata vietnamita, se por outro lado esse processo gerou emprego e renda no leste asiático, também é fato que se tornou uma atividade econômica extremamente dependente das decisões externas do movimento de capitais.
     Atualmente no Brasil, o governo assinou duas Medidas Provisórias (MP) que autorizam a exploração de minérios em plena Amazônia em reservas protegidas. Maior que o absurdo do crime ambiental é pensar na capacidade do desprezo pela preservação do mundo em que vivemos pelos donos do capital em utilizarem uma aparente contribuição de prosperidade. Outro caso, muito antigo, aconteceu no Paquistão em 1935: um grande projeto de exploração das reservas de bambus ajudou a economia durante 5 anos. Ocorreu que os bambus floriram, e quando isso ocorre ele morre, porque é assim que funciona o ciclo de vida do bambu, isto é, ninguém estudou que o bambu tem um ciclo de floração de 80 anos.
     É assim que se vai tocando o aparente desenvolvimento mundial, alguns ganham de imediato e muitos ficam com as incertezas do futuro.





sábado, 10 de junho de 2017

A CHAVE PARA ABRIR O DESENVOLVIMENTO

     Os ciclos econômicos dos países produtores de alimentos e matérias primas não foram capazes de transformar os níveis de subdesenvolvimento, suas exportações produziram dinheiro para atender basicamente as despesas primárias governamentais. A necessidade de alcançar melhores níveis de desenvolvimento, esbarra sempre na relação comercial entre os países ricos e os países pobres. A meu ver, a troca comercial é desigual e não tem contribuição ao desenvolvimento mundial. A resistência cada vez maior da concentração de renda e o aumento do dirigismo na economia dos países pobres são fatores negativos para o crescimento mundial.
     Os países pobres não tem como alterar as relações população/investimento social e população/investimento em infra-estrutura, é preciso ressaltar que o controle da economia pelo Estado tem um custeio de pessoal irresponsável e consequentemente se torna necessário a implantação de um forte processo regulatório de mercado e a criação de empresas estatais como competidoras frente ao setor privado da economia. O perigo do dirigismo é o descontrole das despesas públicas.
     Com a morte do liberalismo a partir da primeira guerra mundial, a intervenção dos governos não pararam mais, o paternalismo assume uma falsa segurança econômica impedindo entretanto a necessária flexibilidade de mercado. Se hoje o dirigismo é uma opção de gerência econômica, traduz a insegurança pela qual o mundo atravessa e é, na minha visão, a causa fundamental da perda de oportunidade de se processar o desenvolvimento comercial com o mundo.